quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Terra das "Gourmandices"

Hoje, por conta de um infortúnio doméstico, tivemos que procurar uma assistência técnica para computador em Paris. Não foi lá muito fácil, mas encontramos. Ao mesmo tempo, tivemos que procurar também um lugar que fizesse impressão. Também uma tarefa árdua. Mas o mais engraçado é que nessa situação de necessidade tivemos que percorrer as ruas da nossa região e ir atrás desses estabelecimentos. E aí a gente passa a olhar com muito mais cuidado para o tipo de business que tem nessa terra. E o fato é que nada vende melhor aqui do que comida; essa galera come sem parar!

Em Paris, há uma enorme quantidade de restaurantes típicos das mais diferentes partes do mundo. De comida japonesa e chinesa, só a nossa quadra conta com 5 restaurantes. Restaurantes vietnamitas e coreanos também marcam presença (tem até um baratex vietnamita que ando louco para provar). Entre os do Oriente Médio, restaurantes libaneses ganham a parada - mas vale destacar também restaurantes sírios e árabes. Tem também restaurante iraniano, paquistanês, afegão, indiano, cambojano...os sabores da Ásia estão até nos congelados que a galera come.

Mas além do que chamaríamos grosseiramente de "restaurantes étnicos", tem que se citar que até o tipicamente francês existe em grande quantidade. No raio da nossa quadra, temos três boulangeries próximas. E aqui um detalhe: nas aulinhas de francês em Porto Alegre, aprendi que boulangerie é uma "padaria". Não é, não. Boulangerie é uma espécie de boutique de pães e doces. Tudo é lindo e delicioso - e até caro para o que seria uma simples padaria.



Em sentido semelhante, eles têm aqui as boucherie - que no meu cursinho de francês online é traduzido como "açougue". Mas não é açougue, não...é uma espécie de boutique de carnes, com os tipos mais variados e geralmente caprichando na apresentação (e nos preços). Será que o "bou" de boulangerie e de boucherie é de boutique? Etimologistas, apresentem-se!



Indo além de tudo isso, há também as traitteurs (tratorias?) e as brasseries (bebidarias?), onde se serve comida para levar ou para comer nas mesas. Aparentemente elas são menos sofisticadas que os restaurantes e os cafés, mas alguns dos pratos prontos parecem ser bem carinhos (imagine você, porto-alegrense que compra um frango assado na lancheria do Parque por R$ 18,00 - e com polenta - pagando 12 euros por um franguinho que não dá nem pra saída - e sem polenta. Além disso tudo, congelados, supermercados e junk food complementam a comilança. É tanta comilança que a gente se perde às vezes.

Soma-se a isso o fato de que aqui a galera leva comida tão a sério que há competições! No nosso arrodissement, por exemplo, encontra-se uma boulangerie que ganhou o 2º lugar no prêmio croissant do ano de 2014. Há também o melhor baguete de 2010 e o melhor presunto cru (!!!!) de 2007. Ainda não comemos nenhum deles, é bem verdade, mas de se pensar que tenha competições com comida a gente fica perguntando porque não tiveram essa ideia sensacional no Brasil! Já pensaram que maravilha uma competição de feijoada? Ou, a que todo porto-alegrense espera: qual o melhor xis!? A cada ano, uma nova competição - e com várias categorias, inclusive contemplando vegetarianos. Ia ser um sucesso.

Um beijo, Speed...onde quer que você esteja.

Mas voltando a Paris e suas comilanças. Comentamos com uns amigos nossos que o termo "gourmand" na França não é bem aquilo que se imaginaria: não significa que você tem bom gosto para comida. Significa que você é "bom de garfo", tal como os franceses aparentemente são. É uma terra de comilões magros, o que é surpreendente. A Juliane diz que o fato deles comerem várias vezes ao dia ajuda o metabolismo dos caras, que tá sempre funcionando. Eles comem com muita frequência, mas não em grande quantidade (ou seja, aqui não rola o saboroso prato de pedreiro brazuca). Pode até ser...mas como nós somos brasileiros, tem sido uma tentação seguir esse padrão francês de comidinhas ao longo do dia. Na terra das "gourmandices", quem tem dois estômagos é rei.

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