quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Os jardins de Monet

Eu não chego a ser uma grande admiradora de flores, jardins e seus derivados, digo isso no sentido de que eu nem tenho plantas em casa face ao meu talento para matá-las. Também lembro que a matéria que eu mais detestava em Biologia era Botânica. Assim, a minha relação com jardins de maneira geral sempre foi meio distante. 

Mas chegando aqui, com os franceses tratando o assunto de maneira muito séria (ou seja, qualquer pracinha se transforma em um jardim lindo-de-morrer), acabei me descobrindo uma grande fã de jardins e suas flores. Assim, sempre que possível, gosto de visitar os jardins disponíveis nos roteiros turísticos e não turísticos. 

Antes de vir para Paris, já sabia que havia um jardim do Monet, em Giverny (70 km daqui), que me parecia lindíssimo: foi inspirado no seu jardim, que ele haveria pintado as famosas séries com as nenúfares/lotus/nymphaea (as plantas aquáticas que aparecem em seus quadros). Sempre achei estonteante essas pinturas e tive a oportunidade de ver algumas no Museu de l'Orangerie (museu que super recomendo). Em Giverny, poderíamos também visitar a casa em que morou o pintor e passear pelos espaços cobertos por flores de tirar o fôlego.

Reflets verts (presente no Orangerie)
Le Bassin aux Nymphéas (presente no Museu d'Orsay)

Disposição na Orangerie: paineis imensos!

Assim, somando a curiosidade quase fetichista de ver "ao vivo" o modelo de Monet e a nova paixão por jardins, resolvemos dar uma viajada de trem, que é outro aspecto positivo da viagem, já que era novidade para gente. E em 40 minutos estávamos lá: saindo de Paris fomos até Vernon e de lá pegamos um ônibus (10 minutos) até Giverny, na região da Normandia (na estação de trem tinha várias zoeirinhas com o clima chuvoso da região). Vale dizer que a cidade é minúscula e pelo jeito tudo gira em torno do jardim e da casa de Monet, por isso há uma série de hotéis em torno. 

Optamos por pegar o primeiro trem saindo daqui para podermos ver os jardins sem muita muvuca, assim saímos 8:20 min. e fomos praticamente a primeira leva de turistas a chegar. Assim que você entra, você passa pela lojinha, depois pela frente da casa e pelos jardins de flores, e por último o Jardim das Águas/Ponte Japonesa, que é a parte mais famosa e inspiradora dessas pinturas aí de cima. Nós pulamos essas etapas iniciais e fomos direto para a parte famosa, conseguindo pegar ela relativamente vazia. E só tenho uma coisa para dizer/escrever para vocês: BAH!

Isso é uma foto, só pra avisar.

O dia hoje estava particularmente frio, nosso primeiro frio de "renguear cusco" mesmo: temperatura de 9 graus, mas sensação térmica mais baixa com certeza (na Normandia é mais úmido, né?). Mas também com um solzinho leve, que não chegava a esquentar muito, mas iluminava que era uma maravilha. E a luz é tudo quando se trata de Monet, né? Comentamos que na primavera o jardim deve ser lindo em função das flores (muitas delas estavam caidinhas já), mas o outono, com as inúmeras tonalidades de verde/vermelho e a luz que lhe é própria, é matador.

Foto do laguinho do Monet

Vista essa parte, fomos para o meio das flores. Bom, daí é de entontecer de lindeza. Além de flores que eu particularmente não conheço, há aquelas que a gente (eu, uma nulidade em plantas) até conhece, como rosas, dálias, etc., mas, sinceramente, flores como as que eu tenho visto por aqui, para mim, são novidades. Elas são enormes, e lindas, e parecem de mentira. E não é uma rosa no roseiral que é assim: são quase todas! Não sei qual o adubo que eles usam, gente, mas alguém precisa importar para o Brasil. 

Lindeza!
Depois do Fernando brincar de National Geographic das flores (ele é o responsável pelas fotos e quem quiser ver mais fotos, a gente colocou elas aqui), fomos visitar a casa do Monet, que infelizmente não pudemos tirar fotos. A casa foi mantida mais ou menos intacta, pelo que se pode ver pelas fotos expostas, e super conservada, claro. Além dos objetos pessoais, há também a coleção de desenhos japoneses do pintor exposta pela casa. Mas o mais incrível foi imaginar o Monet acordando, abrindo a janela e dando de cara com aquela coleção de flores que ele tinha ali: a parte das flores fica exatamente em frente à casa e à janela do quarto. 

O que eu achei? Lindo-de-morrer³.

Monet, seu lindo!

Dica para turista: o passeio é curto, dá para fazer em um turno e é melhor que seja pela manhã para pegar o local mais vazio. É importante saber que de novembro a abril o jardim fecha em função do inverno. Fora isso, saindo de Paris é só pegar um trem Paris-Vernon (28,60 euros, ida e volta) na Gare Saint Lazare (você compra o bilhete lá mesmo). O primeiro trem sai 08:20 (o trajeto dele é Paris-Rouen) e você chega em Vernon em torno das 9:10 (os trens são bastante confortáveis, inclusive). De Vernon você pega um ônibus (8 euros ida e volta) até Giverny - para quem curte bici, dá para alugar uma magrelinha também. Lá, você compra o seu bilhete (9,50 euros) e voilá! Para voltar, é só ficar atento nos horários de retorno, tanto do ônibus quanto do trem (esse parece que é de duas em duas horas). Para comer, há alguns cafés/restaurantes em torno do jardim (mas para quem quer fazer turismo lowcost a dica é sempre levar um sanduíche baguete na mochila). 

PS: A segunda língua, depois do francês é claro, no jardim era o português (a terceira era o japonês!): cheguei a brincar com o Fernando que era uma excursão vinda direto daí, tamanho era o número de brazucas espalhados por Giverny. Quando fomos no Louvre também sentimos isso, e via de regra, é difícil a gente ficar muito tempo sem ver um brasileiro: eles estão nos pontos turísticos, nos bares, nos metros. Alguns são visivelmente turistas, outros são visivelmente estudantes como a gente (além dos imigrantes, claro), mas o importante é que são muitos. E uma pergunta tem ecoado no ar: será que nos anos 90 também era assim? #ogiganteacordou

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