quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

15 momentos da retrospectiva europeia de 2014

Alguns dos melhores momentos que tivemos em 2014, bonitos e bonitas. A gente curtiu muito essa experiência e ela está ficando cada vez melhor - ainda que no final. Então fizemos uma mini seleção de good times para lembrar do 2014.

1) Visitar a "Casinha dos Smurfs", em Bruxelas: ficava no Museu dos Quadrinhos, lá na Bélgica. E a Ju adorou, ficou ali dentro um tempinho, pedindo fotos. É aquele momento onde a gente volta a ser criança. C'est mignon, como dizem os caras daqui.


2) O 11éme, aqui em Paris: é a nossa zona favorita ainda aqui na cidade luz. Barzinhos alternativos all the way, muito kebab rolando nas ruas. Desde a nossa primeira ida (o nosso primeiro boteco foi o Pili Pili) até as nossas últimas idas no frio, nosso bom programa era tomar uma pint por aqui.


3) Pizzas com Peroni, em Roma: adoramos Roma e os romanos. Mas a coisa mais legal foi ter tomada cerveja barata e comendo pizzas deliciosas. A nossa primeira pizza foi numa praça, a Santa Maria dei Trastevere, onde compramos uma birra e duas pizzas deliciosas, ficando numa fontana. Começou a chover, mas depois fomos para uma pizzaria.



4) Ter conhecido a Ricota e falado sobre Falcone, em Roma: e mais legal ainda em Roma foi todo o lance de espontaneidade. Num boteco baratinho da cidade, sentamos lá para tomar umas Peroni, a cerveja deles. Papo vai e papo vem, uma senhora entrou no bar com um cachorrão branco e pediu um gelatto. E o cachorro comeu tudo, claro, se lambuzando! Aí não resisti e fui puxar papo. Descobrimos que o cachorrão era uma cachorrona linda chamada Ricota. E para completar, o dono do bar ainda tinha cartazes do Falcone (o Falcão, ex-Inter) no bolicho dele. Rendeu conversas e risadas.



5) Ver os vitrais da Saint Chapelle: linda, linda, linda. A Saint Chapelle foi a nossa experiência religiosa mais surpreendente em toda Europa. Nem eu e nem a Ju somos pessoas religiosas, mas quando você vê os vitrais medievais da catedral de Luís IX, dá até saudade dos bons tempos da Idade Média (tá, nem tanto). Pena só que a rosa central da catedral, onde é reproduzido o Apocalipse - o livro mais legal da Bíblia - estava em restauração.



6) Visitar o túmulo do Jim Morrison, no Pére Lachaise: indo no cemitério mais famoso de Paris, a gente viu coisas muito legais e prestamos homenagens aos nossos mortos. Mas poucos túmulos foram tão emocionantes de ver quanto o do Jim Morrison, vocalista do The Doors. O túmulo infelizmente tá gradeado, já que tinha muita gente que fazia festinha no cemitério para um dos deuses do rock and roll. Mas a galera nem por isso deixou de fazer zueira e o local tá cheio de oferendas e homenagens para o homem.


7) Ver a capela Sistina, no Vaticano: ok, a gente realmente não curtiu o Vaticano. Muitas filas, muitas tourist traps...mas ver a Capela Sistina foi...uau! A experiência em si é maluca. A gente fica tudo empoleirado numa sala enorme e tem centenas de pessoas olhando para o teto. Se alguém tenta tirar uma foto, os guardinhas do museu vão correndo dar esporro - mas eu consegui tirar duas (fuck the police!!!). Mas foi lindão, gente. Antes disso, eu já tinha me comovido com o painel Escola de Atenas, do pintor Rafael Sanzio, que sempre foi um dos meus renascentistas favoritos e tá lá no Museu do Vaticano também.



8) Ter vivido para contar Auschwitz: não somos sobreviventes, claro, mas vivemos para contar. E acho que esse é o sentido de Auschwitz. Viver para contar. A necessidade de contar sempre vai ser grande. E se algum dia alguém perguntar, não vou dizer que não tem como contar, que não tem como falar, que tem que ver... tem que ver, sim. Mas é algo a se contar sempre.



9) Tocar no Muro de Berlim: tocar no muro é uma experiência louca. Eu e a Ju somos filhos dos anos 80 e temos alguma memória do muro caindo e coisa e tal. Sendo assim, tocar nele foi como retomar memórias infantis e adultas ao mesmo tempo. Dá para dizer que ele nem é tão legal, que muro tem em tudo quanto é lugar, que tem pedaços dele em qualquer lojinha de souvenirs em Berlim. Mas é uma memória - e é bom tocar uma memória, gente!



10) Rever o mar, em Barcelona: não era o Oceano, claro, mas era o Mediterrâneo - valeu, Braudel! E ver praia, ver mar, ver céu, ver palmeiras...é tipo a Bahia, mas falando catalão! E as praias de Barcelona, mesmo no inverno, eram lindas.


11) Ter feito o nosso vídeo pós-eleições: a gente nunca fez um vídeo, mas o contexto pós-eleições fez com que a gente tivesse necessidade de fazer um tentando comentar algumas coisas que nos assustaram muito. E saiu legal até, teve umas 500 visualizações, enfim. Foi massa!



12) Ter ido numa manif em defesa dos curdos e da luta deles em Kobane: foi lindo! Foi um dos momentos que eu achei mais emocionantes em toda a viagem. Toda solidariedade aos curdos e a sua luta - que não é só pela criação e reconhecimento do Estado Nacional, mas também por um projeto político de de libertação popular e feminina. Da praça da Bastilha à praça da República,


13) Ver o (e tocar no) Código de Hamurábi: desculpa, gente, mas eu quase lambi a estela milenar. Eu me controlei, mas fiquei ainda fascinado por aquilo. Numa pedrinha tão singela, o primeiro código de leis escritas da humanidade. E tava ali, diante de mim, na nossa primeira visita ao Louvre! Foi sensacional!



14) Noite em Berlim: nossa última noite em Berlim foi massa. O hostel onde estávamos estava mais ou menos vazio, era dia 22/12. E acabamos conversando com portugueses, belgas, italianos e também brasileiros, tomando boas cevas, ouvindo Raul Seixas (juro!). Foi uma boa noite!



15) Tudo isso e mais um pouco: teria tantas outras coisas para lembrar do que fizemos nesse ano. A gente foi só escrevendo, sem fazer ranking nem nada. Foram muitas experiências diferentes e que de uma forma ou de outra, queríamos muito dividir com vocês. De 2015 o que esperamos é isso: é que tenhamos cada vez mais coisas dividir com quem gosta da gente e de quem gostamos.

Bonne année, galera! :)

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Hoje não tem post...

...mas é porque estamos recebendo os queridos Guinter, Sana e Lígia aqui em casa. E amanhã, já sabem, né? Retrospectiva 2014, só os melhores momentos antes de tomar umas espumantes!

Neve!!! Nah, problemas na câmera :D


Beijos, galera!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Redefinindo estereótipos na Europa

A gente tende a achar que, por sermos todos brasileiros, somos todos iguais. Todos filhos do infame "jeitinho", que quando bem sucedidos, triunfamos apesar da nossa brasilidade. A gente adora quando um estrangeiro vem para o Brasil porque é quase como se ele reconhecesse algo de bom em nós, justo em nós, os vira-latas, que não nos reconhecemos nem uns aos outros. Aí a gente, que não é exatamente praticante da vira-latice, vem para a Europa e descobre que eles...bem, eles são todos iguais, mas com o jeitinho especial deles. A gente vem definindo e redefinindo alguns estereótipos por aqui e...bem, alguns são bastante curiosos.

1) Todos os homens franceses têm ombrinhos de frango. Isso exclui obviamente a comunidade descendente de africanos e árabes. Mas a verdade é que comprar roupas masculinas em Paris, para mim, foi um problema. Todos os parisienses parecem ser magros (é um desafio encontrar parisienses gordos, juro!), logo a numeração das roupas torna tudo difícil. Eu, que com 1,71m de altura tenho que comprar roupas "G" em Porto Alegre, aqui tenho que comprar roupas "XL" ou até "XXL"! C'est difficile!



2) Todo mundo que fala alto no metrô é latino. Nessa extensa comunidade que pega do México até a Patagônia (e inclui nós, brazucas-sangue-bom), dá para incluir também portugueses, espanhóis e, é claro, os italianos. Os italianos são ainda mais interessantes porque além deles falarem alto como um brasileiro, eles falam com as mãos também...como um italiano. Dá vontade de abraçar todos eles de tanta saudade que eu ando da zueira!

3) Todo parisiense que é carinhoso é imigrante. Ou descendente de imigrantes. Ou teve algum imigrante na família. Parece piada que basta conversarmos um pouco com algum nativo e pensarmos: "nossa, que sujeito simpático", logo em seguida ele revela que é marroquino, ou argelino, ou latino - e aí já sai falando alto. Não que os parisienses não sejam "educados" (a tal da politesse)...mas eles são bastante indiferentes no seu trato pessoal. É o pessoal que inventou o termo blasé, saca?

4) Todo belga é simpático. Vai entender, né? Antes de vir para a Europa, o nosso imaginário sobre a Bélgica se resumia ao Tim Tim. Mas depois de ter passado um findi em Bruxelas e ter encontrado alguns belgas nas nossas andanças europeias, tudo indica que o pessoal lá é bastante simpático. Eles falam francês, holandês, inglês (alguns) e até contam piadas - o que parece ser algo bem estranho para os padrões europeus.



5) Todo berlinense legal não é de Berlim. Essa quem nos disse foi uma moça chamada Anna (?), num trem que ia do aeroporto até a capital alemã. A Anna era de Hamburgo, mas fazia mestrado em Berlim. Segundo ela, ninguém é de Berlim. E como ficamos numa zona bastante cheia de imigrantes, tivemos essa sensação. Berlim parecia um pouco uma Babel, onde em determinado momento da noite misturávamos inglês, francês, espanhol e português...junto com os latinos e os belgas.

6) Todos os tchecos acham que são parisienses. Injustiça porque só estivemos em Praga. E Praga, como ela mesma se orgulha, é a Paris do leste europeu. E nada contra esse título, Praga é uma graça, a cidade é lindinha mesmo. Mas os tchecos que conhecemos lembravam os bons e velhos parisienses. Muito indiferentes...mesmo. E isso que eles bebem e fumam alucinadamente, mas ainda assim, conseguiram passar a impressão de blasé pra nós.

7) Todos os garçons italianos são gatos. A Juliane não me perdoaria por deixar essa de fora, mas tenho que dar o braço à torcer. Os caras são lindos! Todos os garçons parece que saíram de um catálogo de modelos, todos com barba por fazer, altos, bonitos... eu só não fiquei mais preocupado em Roma porque a Juliane sabe que eu sou meio-oitavado italiano, então tá de boas.

8) Todo trânsito em Roma é um horror. Em nenhuma cidade tive tanto medo de ser atropelado como em Roma. Ali, calçada é artigo de luxo e nas antigas ruas, passa carro, sim. E se elas são muito estreitas, não se preocupe: os italianos usam muito os carros que cabem 2, ou até 1 pessoa. Isso quando não usam aquelas lambretas, as "vespas", como se estivessem num maldito filme do Fellini.



9) Todo estereótipo é limitado. Esse texto não pretende, claro, ser ofensivo para ninguém. Todas as cidades que passamos nos deram experiências incríveis e em todas elas a gente encontrou pessoas legais e/ou situações sensacionais que nos fizeram pensar sobre esses estereótipos e, é claro, sobre nós. Afinal, a gente gosta de considerar que a zueira é a nossa parte constitutiva, que a nossa identidade pode ser positivada por isso. Mas até aí, esse blog também é sobre dialética, e sobre o que a gente acha que constitui o outro enquanto ele pensa que nos constitui. Sacou?

domingo, 28 de dezembro de 2014

Paisagens de inverno

Que aqui é inverno, geral já sabe. E como é esse inverno, já contamos aqui, mas como é a paisagem desse inverno? 

O nosso imaginário de inverno europeu é todo pautado pelo que consumimos de entretenimento no Brasil, assim temos algumas idealizações de paisagem europeias de frio. Na minha cabeça, havia alguma névoa, galhos secos, talvez neve dependendo do lugar, essas coisas. A gente inclusive tende a achar um tanto "sofisticado" essa coisa toda, mas na prática, depois de você sentir o budum do metrô ou descobrir que neve é legal em filme de Natal em Nova Iorque (na verdade pegamos pouca neve em Berlim, e foi bem chato: é ruim de passear, o bagulho derrete, molha o sapato, uó. Talvez uma nevasca seja mais bonito... ou não.), a vira-latice passa.

Mas tudo isso é para falar das paisagem que vimos por aqui nesse outono/inverno europeu. Elas são bastante diferentes do que nós, do sul, que temos/tínhamos inverno estamos acostumados, sobretudo poruqe sol que é pouco comum, e quando aparece não aquece, essas coisas. Lagartear comendo bergamota não faz muito sentido aqui no inverno, por exemplo, pois o sol não esquenta muito não (e descobrimos que a melhor berga europeia é a espanhola, que inclusive é a mais barata: é a que mais se parece com as nossas bergamotas comuns, enquanto as outras, como a da Córsega, lembram mais um limão com gostinho de bergamota, juro).

Assim, motivados pelo dia mais frio que pegamos em Paris (0 graus e sensação de... veja a figura abaixo) decidimos relembrar algumas belas (para alguns) paisagens de inverno.




Paris, dezembro.
Versailles, dezembro.

Paris, dezembro.

Paris, dezembro.
Berlim, dezembro.

Berlim, dezembro.

Berlim, dezembro.

Barcelona, dezembro.
Girona, dezembro

Girona, dezembro.

Paris, novembro.

Paris, novembro.

Cracóvia, novembro.

Cracóvia, novembro.
Praga, novembro.


Paris, novembro.


Praga, novembro.
Roma, novembro.


Bruxelas, outubro.
Dá pra reparar em algumas coisas: primeiro, o Mediterrâneo é lindo, lá tem sol e planta viva. Em Barcelona, Girona e Roma dá até pra ver um pouco de verde, um pouco de cor nas árvores, nas folhas. Segundo, que o leste europeu é realmente cinza. Quando chegamos em Praga, a moça que veio nos buscar disse que é comum o inverno de lá chegar a -10º C...e de vez em quando chega até - 20ºC!!! Quem viu nossas fotos em Auschwitz dá para ter uma noção também (disponíveis do Google Plus). Tal como nos filmes, o leste é cinza e o ocidente é coloridão, certo?

Não! Paris, Berlim e Bruxelas podem ser tão cinzentas quanto! Bruxelas, por exemplo, enquanto Paris ainda vivia dias de verão, com sol e calorzinho, já estava carregada de cores outonais, como se pode ver pela foto, que é de outubro. No caso de Berlim, até mais - obrigado, indústrias poluidoras. O inverno europeu tem a mesma cara em qualquer lugar não mediterrâneo, gente. E ainda que achássemos isso mesmo, ao ver ele ao vivo dá uma certa surpresa: árvores mortas, galhos secos, corvos ao redor. 

E o mais louco ainda é ver isso agora, em época de natal. Hoje acordamos, saímos para rua e tinha restos de pinheirinhos de natal nas calçadas. Isso porque o pinheiro é a única árvore viva que vemos ao nosso redor e o pessoal aqui usa o pinheirinho vivo mesmo. E como o bichinho morre, hoje parecia um bom dia para "reciclar" ele (leia-se, transformar o pinheiro em serragem).

As paisagens invernais aqui nas Oropa não são feias, não. Elas conseguem ter lá a sua beleza, mas tem também uma certa melancolia. E tendo a achar que depois dessa, nunca mais vou conseguir lidar bem com a tal da "estética do frio" no Brasil...

sábado, 27 de dezembro de 2014

Imagens de muitas Paris

Hoje fomos no Hotel de Ville, aqui por Paris, para dar uma olhada na exposição "Magnum" - uma exposição da principal agência de fotojornalismo, focada exclusivamente na cidade de Paris. O mais legal é que era gratuita e, bônus, era num lugar que eu queria muito conhecer: o Hotel de Ville.

Para quem não sabe, o Hotel esse ficou famoso pelas representações artísticas feitas nele durante os processos revolucionários que a França passou no século XIX. Mas a história do Hotel é mais interessante ainda. Em 1357, quando a mansão foi adquirida pela prefeitura de Paris, ela servia como principal local das execuções públicas. Ali, onde hoje tava rolando um belo rinque de patinação no gelo, tinha alguns feras que eram esquartejados e queimados em praça pública! Já durante a Revolução Francesa, alguns linchamentos ocorreram no mesmo lugar e foi ali também que Maximillien de Robespierre, chefão do governo da Convenção, tomou um tiro na mandíbula e foi preso no que se chamou de "reação termidoriana". Em suma, só coisa violenta legal rolava por essas bandas.

Mas para quem já abriu um livro didático de História, o Hotel de Ville é lembrado principalmente por esses dois quadros:




Ambos são sobre episódios sangrentos ocorridos no Hotel de Ville, na Revolução de 1830 (o de cima) e na de 1848 (o de baixo). Aqui era a sede da prefeitura de Paris, logo os agitos geralmente ocorriam na frente do negócio. Reparem também que, nesses quadros, além da tricolor também tem a bandeira vermelha tremulando. Diz a lenda que a bandeira vermelha, de cunho socialista, tem origem entre os jacobinos que usavam ela para representar o "sangue" dos que lutavam pela República. Mas parece que a onda só pegou depois, entre as revoluções de 1830 e 1848 mesmo...e, desde então, o Hotel virou palco para muitas manifestações socialistas na França.

Porém, quando teve a Comuna de Paris, em 1871, o bicho pegou. Os comunistas e anarquistas franceses tomaram o Hotel de Ville, mas foram bombardeados a tiros de canhão pelos republicanos franceses. E o resultado disso foi não apenas a queda do governo comunardo, mas também um incêndio que destruiu completamente o prédio. Como cinismo é algo que dá em mato nesses casos, os republicanos depois mandaram reconstruir o Hotel de Ville...exatamente como ele era antes. Assim, em 1882 ele estava de pé de novo. Exatamente igual ao que ele era antes.

Hoje em dia, vira e mexe tem algo acontecendo no Hotel de Ville. Lá por setembro, vimos uma manifestação. Em outubro, uma instalação artística polêmica...agora, um rinque de patinação. Melhor que as pessoas torturadas durante a Idade Média, mas não tão legais quanto os levantes revolucionários do século XIX...fazer o quê, né?

E a exposição???

Bom, não eram muitas fotos, mas era interessante porque passava durante um período de 1936 a 2014 em Paris. E com fotos de gente como Robert Capa, Cartier Bresson, entre outros...gente que a gente só conhecia en passant, pelas suas fotos mais famosas. Então algumas capturas da época do governo do Front Populaire nos anos 30, ou da Resistência Francesa nos anos 40, da pobreza e da reconstrução parisiense nos anos 50 foram incríveis de ver ali, de pertinho. Já nos anos 60, o destaque ficou pela cultura jovem e pelas manifestações de maio de 1968. Nos anos 1970 e 1980, a modernização francesa contrastando com a força da filosofia parisiense...e nos 1990 e 2000, o foco ficava por conta do declínio do fotojornalismo.








Eu, particularmente, tenho dificuldade para apreciar fotografia e admito minha ignorância no tema. Mas ver alguns desses trabalhos foi realmente emocionante e era uma forma de conhecer (e reconhecer-se em) Paris por outros ângulos. A cidade evoluiu - e também declinou - de diferentes formas e é sempre curioso ver lugares que passamos hoje tal como eles eram há 30 anos atrás, por exemplo.

Foi uma daquelas visitas boas, despretensiosas e gratuitas que a gente ainda aproveita na cidade. Andamos pensando já em Porto Alegre, claro...mas Paris sera toujours Paris.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Funk ostentação (ou: a nossa ida a Versailles)

Hoje finalmente fomos ao Palácio de Versailles. O Fernando não era um entusiasta da visita, mas como eu achava que esse era um daqueles programas mais ou menos obrigatórios em Paris (pelo menos estando há tanto tempo na cidade), aproveitamos a visita do Matheus (mon frère) para ir até a casa da Maria Antonieta.

Primeiro, como chegar: é fácil, só pegar o RER C em direção ao "Chateau" e pagar 3,45 euros de tarifa (o palácio está no que se chama aqui de zona 4, assim você não paga a tarifa habitual de 1,70 e sim um pouco mais). Quanto pagar para entrar no dito: você pode ver os jardins do palácio de graça, ou pagar 15 euros para ver o palácio em si ou 18 euros para ver o palácio e o Grand Trianon, onde fica quase tudo da Maria Antonieta (há outras modalidades de bilhete, dá para ver aqui). 

Se gostei? Bom, para me fazer entender melhor uma listinha básica de prós e contras da visita de acordo com a minha/nossa perspectiva:

* Prós

1) É um palácio. Quantas vezes você foi em um palácio? 




2) Os jardins são demais, mesmo no inverno. Claro que nós achamos que eles devem ser mais lindos na primavera e no verão, nesta época ficam meio caídos, mas já dá para ter noção da beleza da coisa toda. Bom, mas para ver os jardins é de graça, né? É e não é. Os jardins do palácio são gratuitos, mas os jardins do Grand Trianon não são. Eles podem estar incluídos naquele valor de 18 euros ou você paga 10 euros para ver só essa parte, e ter acesso ao jardim. Eu adorei essa parte dos jardins pois lá tem o que era mais ou menos um "fazendinha" da Maria Antonieta, com várias casinhas não tão preservadas e lindas e limpas, o que dá uma graça toda especial do tempo que passa... e deteriora (aqui em Paris isso é meio incomum no meio mais turístico).






* Contras

1) É cheio. Demais. Você não consegue ver quase nada nos ambientes internos sem disputar algum espaço.

2) É caro. As partes internas, que são a maioria do pacote pago, não são grandes e nem tem lá grandes coisas como arte, ou relíquias. Principalmente se comparado com outros museus de Paris (depois do Louvre, a vida muda, gente). Para quem tem uma queda/fetiche por monarquias acho que compensa, mas como não é o meu caso, me senti meio lesada...

Segundo a estimativa do palácio, você leva umas 5 horas para fazer a visita inteira. Você pode levar quantas horas você quiser, na verdade, pois a parte interna não demora tanto assim mesmo contando deslocamentos. E se você quiser conhecer os jardins você pode passar o dia lá que você ainda não vai ter visto tudo (mas a dica fica para fazer o passeio em temporadas mais quentes e floridas, deve ficar demais!). 

O Fernando chegou a chamar de tourist trap, acho que não chega a tanto, mas que o pessoal não tem vergonha de super faturar ingressos aqui, isso eles não têm, não. Para quem acha que isso "só acontece no Brasil" faz um bem dar uma viajada (e melhorar o senso crítico ao mesmo tempo, claro).

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Rapidinhas de Nöel

1) Rolou a ceia ontem! Tentamos fazer mais ou menos como os franceses, ou seja, se empanturrar de comida em várias etapas.

No início, compramos uns beliscos do Picard, o super de congelados. Compramos um pacote pequeno, mas com salgadinhos um pouco maior. Veredito? Pouco, mas dá uma enganadinha. Ah, e de bebidas espumante e uma mimosa, que é suco de laranja com espumante.

Mimosas e quitutes

Depois...o teste de fogo! O foie gras, ou o patê de fígado de ganso (embora o que a gente comeu era de pato). A ideia da Juliane era que comprássemos torradinhas (check!), o tal do "foá grá" (check!) e uma geleia doce - no caso, um confit de mel e cebola (check!). Aí você vai lá, torra os pãezinhos, deixa eles na mesa, corta um pedacinho do "foá grá" e bota a geleia por cima dele. Veredito? O gosto em si não é ruim, parece um patê normal e a geleia é bem gostosa, foi praticamente toda. Mas a dureza com o patê era que a gente não passa ele no pão! Você pega uma lasquinha dele e deixa ela no pão, para dar a "deliciosa" sensação de que você está comendo um naco de gordura fria. Eca! O lance é passar ela no pãozinho, que nem patê, mas a Juliane protestou...

O foie gras, em toda sua glória

No prato principal, aí eu que fui pra cozinha. Compramos uns pedacinhos de salmão e seguimos uma receita com molho de mel e gergelim. De complemento, a marinada usada para o peixe depois era servida com batatas. Veredito? Olha, difícil de dizer, já que fui eu que cozinhei. Mas o pessoal aqui repetiu umas três, quatro vezes. Eu diria que foi sucesso!

Esse era o prato da Juliane...o primeiro de três.

E na sobre? Novamente fomos atacar no Picard, agora indo para o doce. Aqui a tradição é comer o buche, uma espécie de torta de sorvete/rocambole tipicamente francesa. Buche é um "tronco", meio que para simbolizar o tronco da árvore de natal. Por dentro, o recheio geralmente é de chocolate...então já viram, né? Veredito? Sobrou a tal da dona "bucha" para comer agora, tendo sobremesa para mais alguns dias.

A buche e seus chocolates

2) Hoje foi dia de dar bandinha na Torre Eiffel. A gente foi muitas vezes, então nada de novo. Mas dessa vez, fomos subir a torre. O passeio, em si, não é dos mais baratos. Porém, era inevitável: estando em Paris, um dia íamos ter que subir a dita cuja. E nada melhor do que fazer isso no natal, né? Pois compramos pela internet e achamos meio careiro (15 merkels!), mas tínhamos que fazer.

Prós: a vista é linda e deu para fazer praticamente toda a subida de elevador. E para quem anda com as perninhas cansadas, salvou a pátria. E é aquela coisa, como a gente foi de noite, deu para ver toda a torre iluminada por dentro. E aí foi demaaaaais!





Contras: muita, mas muita, mas MUITA gente. Nosso passeio durou 2 horas e desse tempo, foi mais ou menos cerca de meia-hora de visitação, de admirar a paisagem, de tirar selfie. O resto é fila e mais fila. Tem que ter disposição.

Achamos um pouquinho tourist trap, sim. Mas é um daqueles passeios que tem que se fazer em Paris. Mais uma da lista "parisiense" que a gente pode cruzar!