quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A saga do Louvre - parte I

Finalmente, depois de mais de um mês nessa terra, resolvemos ir ao famoso Museu do Louvre. Estávamos com receio das filas que enfrentaríamos e se íamos ter fôlego para encarar o danado. De ambos os medos, o primeiro não se confirmou. Foi muito tranquilo para entrar e se localizar lá dentro - somos péssimos com mapas, mas dessa vez nem nos perdemos. O segundo, bem...digamos que dos 4 andares do museu, hoje visitamos apenas um (e nem era o maior!).

A primeira dificuldade em visitar o Louvre é saber que se tu quiser ver tudo, uma vez não é suficiente. Nem duas. Talvez na terceira, mas é mais certo que na quarta role. Na quinta caso você queira ver alguma sessão com mais detalhes. Depois disso, é para os aficcionados mesmo - ou para quem tem filhos, acompanha idosos ou tem paciência de monge budista. Então, no final das contas, tivemos que ser seletivos e escolhemos começar hoje com uma ida ao mundo antigo (Oriente Próximo, Egito, Grécia e Roma). Mochilas guardadas, máquina na mão, mil ideias na cabeça e nada no estômago - porque esquecemos nossos sanduíches em casa (um erro que eu vou retomar depois).

Antes de chegar na parte de Oriente Próximo, a gente acabou pegando primeiro um desvio e indo parar na parte de esculturas francesas que iam desde a Idade Média até o século XIX. Foi um daqueles desvios massa, porque encontramos coisas que não estávamos procurando e eram sensacionais. Nessa sessão não tinha alguns dos mais famosos, claro, mas a parte medieval causava arrepios pela própria temática (muita escultura fúnebre e sacra), mas também pela estética.

Quando chegamos no final das esculturas, já tinha ido mais de 1:30h no museu...o jeito era ir direto para o Oriente Próximo, que começa com um passeio na escrita cuneiforme. Várias estelas e pedrinhas com os primeiros rudimentos da escrita mesopotâmica, uma doideira. Mas o melhor vem logo a seguir, na parte que trata dos babilônicos: o código de Hamurábi. O Hamurábi era um imperador lá daquelas bandas que fez, segundo se sabe, o primeiro código de leis escrito da história humana. E a vantagem do código era que basicamente o velho Mura garantia que mesmo que ele morresse, o código permaneceria, pois estava escrito em pedra (não que a tal pedra não pudesse ser destruída, mas enfim...). Ali foi lindo, eu tive vontade de lamber a pedra, mas não sabia bem a reação dos turistas em volta. E da guarda do museu, que falava ne pas toucher. Mas segurei o ímpeto. Foi massa! E no restante dessa área, alguns murais assírios, uns objetos de culturas iranianas, fenícias, árabes...tudo isso datando entre 3 a 1 milênio antes do JC, como os franceses costumam colocar.

Contemplando o código do Mura

Exaustos após esse passeio pelo Oriente Próximo, tivemos que optar por comer alguma coisa. Lembram que eu tinha dito que não tínhamos trazido sanduíche, né? O Louvre tem alguns restaurantes na parte interna, então tivemos que recorrer a ele. Estávamos perto de um e descobrimos que nele pagaríamos 19,50 euros por um sanduíche. 39 euros em dois (um pra mim, um pra Juliane). Bateu o desespero, chegamos a cogitar em sair do museu, procurar um baratex ao redor, enfim...até voltar para a casa chegou a ser pensado. Mas antes de tomar medidas drásticas, fomos até outro andar e vimos que tinha um outro restaurante. Esse mais uma lanchonete, cheia de coisinhas para levar. Os preços eram salgadíssimos (uma água, dois cafés, dois sanduíches: 19,40!!!)...mas era a melhor opção no momento. Sem contar que o lugar tinha mesinhas onde deu para fazer um bom descanso e recuperar energias para a outra metade do passeio.

Essa segunda metade começou na parte egípcia que é simplesmente sensacional. Os franceses são um pouco obcecados com o Egito, desde os tempos do século XIX com Napoleão. Quando ele atacou os ingleses e os otomanos lá, ele enviou uma enorme missão científica para roubar pesquisar os artefatos da antiga cultura egípcia. Com isso, milhares de peças chegaram até a França e, é claro, ao Louvre. Porém, depois os ingleses retomaram a região egípcia e passaram a eles roubarem as coisas para eles, colocando elas lá no British Museum. De qualquer forma, lá foi massa também - toda a parte de Egito é contada como um passeio à cultura deles, explorando coisas como instrumentos musicais, brinquedos de crianças, magia, religião, vestimentas, dia-a-dia, arquitetura... a gente chegou a ficar zonzo, mas foi sensacional. Detalhe importante: para quem espera ver múmias, lamento dizer, mas só tinha uma. E era bem meia-boca, nem parecia que ia se levantar e atacar. Novamente, ponto para o British Museum. Mas ainda assim, esse passeio pelo Egito foi sem dúvida a melhor parte.

Múmia egípcia

Restava ainda a parte de gregos, etruscos e romanos. É estranho que essa parte tenha sido colocada assim, tudo junto e misturado. Mas depois percebemos que ela é a menor parte e é inteiramente dedicada a esculturas greco-romanas. Não é que não seja legal, mas essa ideia de compêndio, de juntar tudo numa mesma sessão sem discutir as particularidades...bem, isso é meio entediante. No final a Juliane falou que não aguentava mais ver cabeças por aí - numa referência aos incansáveis bustos de mármore. Não é falar mal, mas talvez tenha sido a parte mais decepcionante do passeio exatamente por não ter preocupação alguma em "contar uma história". Era só uma gigantesca coleção de esculturas greco-romanas sem grandes problematizações. Vale só para entusiastas mesmo. E pela Vênus de Milo, que tá no meio de um corredor onde se encontra rodeada de turistas com máquinas fotográficas.

A Vênus é a altona no meio da galera

Saldo final do primeiro dia da saga? Exaustão. Voltaremos ao Louvre somente depois de nos recuperarmos bem.

Pontos altos:

  • A parte de Egito, é claro.
  • A pirâmide e a área central do museu, tudo lindo.
  • A paisagem do lado de fora também, sensacional.
  • Os quartos das esculturas greco-romanas, que conservam o estilo do barroco francês (cafona e lindo ao mesmo tempo).
  • As esculturas francesas.
  • O Código de Hamurábi!

Pontos baixos:
  • As esculturas greco-romanas.
  • Algumas partes de Oriente Próximo precisavam de mais explicação.
  • A comida lá dentro é cara (mas até aí, não dá para dizer que a gente não sabia).
  • A falta de noção de algumas pessoas que tocam (oi!?) nas esculturas. Dá vontade de cortar a mão deles! Ne pas toucher!!!

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