terça-feira, 28 de outubro de 2014

Comprando roupas "pas cher" em Paris

Primeiro, uma explicação de ordem linguística: aqui, quando você quer algo mais barato, você não diz "mais barato" e sim "não caro" = "pas cher". Ás vezes aparece um "moins cher", mais a expressão mais usada é o "pas cher" mesmo.

Segundo: eu vou colocar alguns preços em euros no texto. Ao invés de converter (o euro está uns 3,12 reais hoje), use outro raciocínio, mas eficaz: o valor do salário mínimo. Na França, um pouco mais de 1400 euros; no Brasil, convertendo, o salário mínimo é 228 euros . 

Dito isso, o texto de hoje:

Antes de fazermos nossos malas para virmos para cá, nos informamos via internet e amigos sobre que roupas levar. Pela internet descobrimos que as nossas roupas de frio não servem muito para cá, já que aqui é BEM mais frio do que Porto Alegre (estamos no outono e tem feito entre 10/15 graus, mas todos nos garantem que já era para estar uns 4 graus, no outono). Assim, trouxemos pouquíssimas roupas pensando em comprar por aqui. Além disso, os relatos sempre forma de que as roupas aqui são bem mais baratas que aí.

Dessa forma, com poucas roupas e poucas roupas para enfrentar o inverno deles, há umas semanas atrás fomos até a Rivoli, uma rua no 1e onde você pode encontrar as grandes lojas de departamentos, desde as mais baratas até as mais caras. Entre elas temos a nossa conhecida C&A (bem mais barata aqui), a Forever 21 (rede americana que inaugurou aqui há pouco tempo) e a H&M (queridinha de muitos brasileiros). Nesse "passeio", conseguimos algumas coisas de preço menor para o inverno: luvas, botinha com pelúcia (Brasil: mais de 100 reais; C&A francesa: 9 euros) e um ou outro blusão levinho barato (12, 10, 8 euros).

O Fernando é o pão duro do casal (para roupas), e queria achar lugares mais baratos para poder comprar o seu "Doudoune" (é o casaco mais indicado para o frio daqui, já que ele não deixa o frio entrar nem o calor sair - os mais quentes têm pena de ganso no forro).

Doudoune
Pesquisando pelas pechinchas parisienses, chegamos até a loja Sympa. Conversando com a zeladora, chegamos até o Boulevard Rouchechouart (pertinho da Sacré Coeur, entre o 9e e o 18e). E acabamos por descobrir que os dois lugares eram praticamente um só, já que a loja, que na verdade são lojas, é no boulevard.

Uma das "Sympa"
A Sympa é conhecida pelos preços baixos e pelo produtos de marca baratérrimos (Ralph Lauren e cia.). O problema é que o negócio é meio bagunçado mesmo (você precisa realmente achar a agulha no palheiro) e somente em uma das lojas tem provedor (e eles não fazem trocas). Assim, é bom para comprar casacos e blusões, por exemplo, ou meias, roupas íntimas, cachecóis, que não precisam de um provador. Havia calças bem baratas, mas sem experimentar, difícil. Saias a mesma coisa (e por 5 euros!).  Mas para achar tudo isso você precisa sobreviver a isso:




A parte masculina é super interessante, com casacos bem bacanas (claro que a qualidade não deve ser uma maravilha, mas eu já tive experiências bem desastrosas pagando caro no Brasil, então, vale a tentativa) e blusões de cashmere bem baratos. Um adendo: eles adoram blusões de cashmere por aqui, já que são quentinho e não fazem volume. Via de regra é produto caro (não à toa o The Economist chamou um ato pró-Aécio de "Revolução do Cashmere"). Bem, na Sympa, pagamos 9 euros uma dessas, masculina.

Confesso que roupas femininas não gostei muito, mas não tive paciência para garimpar a fundo, mas consegui comprar meia-calça para o friozão por menos de 10 euros (e meia de "esquiador" por 5 euros!). Mas os casacos masculinos eram bem interessantes, alguns com um bom corte mesmo, só ter paciência de procurar tamanho. Explico: xs francesxs são bem magros, os homens em especial tem o que costumamos chamar no Brasil de "ombrinhos de frango", sabe? O Fernando, que se encaixa na categorização de "espadaúdo", teve que penar para achar um casaco que não ficasse apertado nos ombros. Olha onde ele teve que procurar (mentira, quem procurou fui eu):

E olha que fomos de manhã!
Quem procura acha..
Na primeira Sympa, não encontramos numeração, na segunda não tinha roupa masculina, mas na terceira (ufa!), achamos: por míseros 25 euros um doudoune para aguentar o frio que se aproxima. Acho que não tem penas de ganso, mas já ajuda (imagine um salário mínimo de 1400 euros e um casaco de 25? Pechincha!). Nas lojas de departamento, por menos de 40 euros não havíamos encontrado.

Para quem gosta de garimpo e de preços baixos, é um ótimo lugar. Em uma das lojas há roupas infantis e sapatos, mas os últimos achamos caros (você encontra MUITO mais barato em outras lojas do boulevard). O local é meio conhecido pelos batedores de carteira (é zona super turística), mas não tivemos problemas algum.

A lateral de uma das lojas: cestão na rua mesmo!

Roupas íntimas masculinas.


Calças da Ralph Lauren, todos juram que são originais.

Como chegar lá? Estação Pigalle ou Anvers, depois é seguir pelo boulevard.

PS: Estamos à espera do texto de nosso correspondente além-Pirineus para dar um relato sobre o referendo na Catalunha. Fiquem ligados no blog, pois teremos participação especial logo logo! :)

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