segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Ressaca eleitoral

Ontem eu e a Juliane ficamos acompanhando as eleições no Brasil. Dormimos tarde - aqui já eram mais de 2h. E acordamos como se estivéssemos com uma ressaca monstra. Praticamente todos os nossos candidatos perderam (o que a gente esperava) e verdadeiras abominações foram eleitas. Faz parte da festa da democracia, mas a gente esqueceu de tomar um Engov antes.


Acordamos hoje e retomamos a leitura de notícias. Nem eu e nem a Ju fomos na biblioteca de manhã. Preferimos passar o dia em casa, retomando os acontecimentos da noite anterior.

E na França? Bom, na França eles seguem não entendendo nada. O Le Monde, que no final de semana passado chegou a colocar Dilma e Marina na capa (e declarou apoio a Marina Silva inclusive) lançou um vídeo hoje para explicar quem é Aécio Neves. O vídeo é didático e chama o Áecio de "tecnocrata playboy" enquanto mostra que as principais plataformas dele são a denúncia do escândalo da Petrobrás e o fim do intervencionismo econômico. Ainda na parte de notícias, o jornal pergunta "Que s'est il passé?" (ou um "o que aconteceu") ao se referir a Marina Silva, dizendo que ela compunha uma problemática aliança que ia da extrema direita (oi?) à extrema esquerda (oi????).

No Liberation, a matéria é bem mais completa e analisa todo o cenário eleitoral com a opinião de vários especialistas brasileiros. A Marina Silva é lembrada como uma atípica candidata ecologista...mas tirando isso, a matéria funciona como um bom balanço acerca da disputa eleitoral no primeiro turno entre os principais candidatos, sem dar muita bola para os demais. Não recomendo, contudo, olhar os comentários. Parece que na França - assim como no Brasil - o pior das pessoas aflora quando elas vão comentar uma notícia na internet.

O Le Figaro, por sua vez, dá nome aos bois e chama Áecio Neves de "direita tradicional". Além disso, o jornal dá uma zoada na Marina e faz até piadinha, dizendo que a candidata devia ter escolhido o golfinho como mascote de sua campanha (porque ele é bonitinho, dá uma pirueta no ar, mas depois mergulha para as profundezas de novo...). Mas o jornal acredita também que o segundo turno brasileiro será contemplado por uma disputa ideológica...embora eu não tenha certeza se eles sabem o que é ideológico no Brasil.

No Rue 89, nada sobre o resultado eleitoral. E no Direct Matin, a matéria lembra que os partidos tradicionais foram escolhidos (PT e PSDB), mas que ambos estão com o nome manchado por casos de corrupção. O La Croix, que é da direita católica francesa, é o único que fez referência as eleições legislativas, definindo Celso Russomano como um jornalista "defensor dos consumidores" (oi?????), destacando também a eleição de Tiririca e Romário. No L'Humanité, jornal ligado à esquerda, por outro lado, uma interessante definição sobre Marina Silva: socialmente de esquerda, economicamente de direita. Interessante em contrastar o La Croix e o L'Humanité em suas abordagens: enquanto o primeiro anuncia que Dilma terá de enfrentar um segundo turno, o outro afirma que Dilma vai para o segundo turno com grande vantagem.

No geral, os franceses parecem se preocupar apenas com o que rola no Executivo brasileiro. Menos mal...se a corrida presidencial já dá nó na cabecinha deles, imagina depois quando a gente tiver que explicar sobre Bolsonaro, Feliciano, Danrlei, Jardel, Heinze, Lasier e afins...


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