quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Sobreviventes: 14 museus em 6 dias (Parte II)

Continuando a maratona...

Dia 4: No quarto dia, sábado, mais um dia de muito sol e temperatura agradável, iniciamos pelo Instituto do Mundo Árabe. Se propondo a contar a história daquela civilização, o museu ganha muitos pontos pela experiência sensorial provocada: muitos sons são evocados ao longo da exposição, seja pelo leitura de textos, pelas músicas ou pelos sons ambientes. Somado a isso, o fato do museu não ser dos mais badalados, o que significa uma visita tranquila (sabe aquela história do "imagina na copa?", aqui ela virou "imagina no louvre?").

A fachada do Museu Arábe é super gracinha.

Depois, fomos ao Museu Cluny, o museu da Idade Média, localizado em dois prédios históricos (séc. III e séc. XV), que foi fundado ainda no século XIX. Apesar dos prédios e tudo mais (tem um jardinzinho bem simpático na frente), o museu incomodou um pouco: sem metodologia, misturando itens de séculos diferentes, e alguns já renascentistas inclusive, o museu funciona quase como um antiquário. Dessa forma, descontextualizado, não nos agradou muito, não.

Cluny

Concluímos o Cluny e fomos até o Jardim de Luxemburgo almoçar. Já havíamos ido lá em outro momento (ele é próximo à universidade), então dessa vez fomos para descansar os pés e aproveitar os baguetes baratos do Monoprix. Como tem feito dias muito ensolarados nesse final de verão, o jardim está lindo de morrer, com muitas flores e todo mundo disputando seu lugar ao sol. Não sei como ele vai ficar no inverno, mas a imagem desse jardim florido e ensolarado já é umas das minhas preferidas de Paris.

Luxemburgo

Após o almoço, Arco doTriunfo. Essa, na minha modesta opinião, foi a “armadilha de turista” da rodada. Explico: você paga 9,50 euros (a gente já tinha pagado o passe) para subir umas escadarias sem fim e olhar Paris lá de cima. À noite, imagino que deva ser lindo, mas de dia, depois de subir as escadarias, a sensação foi de frustração mesmo.



(Um comentário meio aleatório: o metrô de Paris sábado parece Porto Alegre em dia de passe livre: lotadaço! E com aquele “perfume” todo especial... mas esse é assunto para outro post.)

Dia 5: No domingo, começamos pelo Museu Rodin, com uma fila de bom tamanho para uma manhã. Como tínhamos o passe, entramos sem passar por ela (na maioria dos museus, quem tem esse passe foge das filas, o que é uma grande vantagem em se tratando de museus concorridos). O museu está localizado em um antigo hotel, lindo por si só, com um jardim também belíssimo. E de lambuja Rodins para tudo que é lado, incluindo os famosos “O Pensador”, “O Beijo”, e “Portões do Inferno”. Soma-se a isso o fato do museu ser muito bem organizado. Achei muito tri.



Depois do almoço (baguete nos jardins do Rodin, é claro), fomos até o Museu d’Orsay. Primeira dica sobre o Orsay: fique um dia inteiro lá. Além de grande, o museu é demais, com impressionistas, pós-impressionistas, mais Rodins, Van Gogh e um monte de coisa bacana. O bom é que ele tem alguns ambientes para você esticar as pernocas e descansar um pouco, além de restaurante e café (não baratos, claros). A parte ruim é que ele é um dos museus famosos, ou seja, é bem movimentado, o que impede que você aprecie com calma as pinturas, o que é uma pena. Saímos de lá entre esgotados e maravilhados, e com muita vontade de voltar.


Dia 6: Para o último dia deixamos o Panthéon e o Museu Delacroixiniciando o nosso dia pelo primeiro. O Panthéon não é propriamente um museu, e sim um monumento - ele foi criado durante a Revolução Francesa para "louvar os grandes homens da França". Em sua cripta encontram-se enterrados Émile Zola, Jean-Jacques Rosseau, Victor Hugo, Alexandre Dumas, Jean Jaurès, Marie Curie e Voltaire, para ficarmos em alguns nomes. Vimos também a mostra especial, uma homenagem a Jean Jaurès, político socialista francês assassinado em 1914, às vésperas da I GM. O mais legal da homenagem/mostra é que ela inicia com o assassinato de Jaurès, acompanhando assim as apropriações feitas dessa figura ao longo dos anos, ou seja, a sua transformação em um herói de esquerda e as disputas políticas em torno da figura.


Depois do Panthéon,fomos ao Museu Delacroix. Diferentemente dos outros museus em que estivemos, esse se localiza em um prédio bem escondido e sem muito daquele charme século XIX que a cidade exala (e que às vezes cansa). O museu é bem pequeno, e contém desde pinturas e esboços do artista até objetos pessoais. Tem um pequeno jardim ao fundo, mas que não se encontrava lá uma belezura. Somado ao fato de o museu parecer não ter método algum na sua exposição, Delacroix que nos perdoe, mas ficamos um tanto quanto decepcionados (a gente não tirou nem foto, só aquele selfie matreiro que não conta)

Como acabamos cedo as visitas, fomos até a Igreja de Saint Germain des Près, que era pertinho dali. Essa é a igreja mais antiga de Paris, e diferentemente da suntuosidade das outras, é bastante sóbria e menos restaurada do que as outras. Com entrada gratuita, como penso são todas as entradas em igrejas, você pode ver a tumba do Descartes que se encontra em uma das capelas.


Bom, passada a maratona, o saldo é uma boa economia, mas também um super cansaço: dormi 11 horas depois do último dia da maratona! Mas foi uma experiência para lá de prazerosa para entender um pouco mais a França e também apreender um pouquinho mais sobre arte.

PS do Fernando: Ainda tem os museus gratuitos...

2 comentários:

  1. Dica esperta (ainda recebo emails de eventos em Paris, só pra me deprimir): a partir de 14 de outubro, a exposição temporária do Orsay será "Sade". Parece interessante...

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    1. Opa! Anotada. (Pensei nisso enquanto me inscrevia em newsletters: isso vai me deprimir depois hehe)

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