terça-feira, 16 de setembro de 2014

Sobreviventes: 14 museus em 6 dias (Parte I)

Bom, que Paris é cheia de museus todo mundo já sabe. Pela quantidade de museus, do Louvre ao Museu dos Correios (!), poderíamos ficar meses nesse périplo. Mas, como em quase todos se paga para entrar e em alguns não temos tanto interesse assim, decidimos comprar um passe, o “Paris Museum Pass”, que nos dá acesso a cerca de 60 museus em 6 dias e nos daria uma super economia no final do passeio, além de nos ajudar a objetivá-lo. Primeiro: esse passe pode ser comprado para 2 (46 euros), 4 (52 euros) e/ou 6 dias (69 euros). Segundo: ele só vale a pena economicamente se você conseguir visitar 2 museus/monumentos por dia, em média. Adendo: o passe funciona mais ou menos na base da confiança. Como? Você coloca, no verso do passe, a data que começou a utilizar. Ou seja, você é o responsável por esse controle. Em alguns museus eles até utilizam um leitor de barras, mas em outros é só uma olhadinha mesmo. 



Pesquisamos bastante na internet e fizemos várias contas para ver o quão econômico ele poderia ser. Depois de acertada a compra, nos preparamos fisicamente e metodologicamente para a maratona, fazendo um planejamento que cobria 14 museus em 6 dias (incluindo aqui monumentos como o Arco do Triunfo e o Museu Guimet, que já havíamos ido, mas sem conseguir ver a coleção de Japão e China em função do horário). Deixamos assim de fora o Louvre, que merece uma atenção toda especial, e fizemos um combinado de museus de portes diferentes para cada dia.

E valeu a pena? Bem, pensando em valores foi ótimo. Somando nós dois economizamos cerca de 89 euros. Outro ponto positivo é que o passe evita frustrações. Explico: por exemplo, fomos no Museu Cluny e não gostamos muito. Se tivéssemos pagado os 8 euros na entrada, sairíamos dele desolados, mas como já havíamos pagado o passe, tudo ficou numa boa (mentiras sinceras, às vezes, me interessam). Outra vantagem é que você pode conhecer museus que você não teria maiores interesses. A desvantagem? Fadiga física e mental! Mas se você está afim de economizar uma grana e tem fôlego para maratonas, é uma boa alternativa.

Mas vamos a ela, a maratona:

Dia 1: Começamos o tour na quarta-feira, com a Saint Chapelle, uma capela gótica do século XIII. Ela é bem pequenina e famosa pelos seus vitrais. Confesso que ao subir a pequena escada que liga a parte inferior com a superior e ver os vitrais até me emocionei, achei demais mesmo. Além disso, como ela é pequena, não havia muitos turistas lá dentro, sendo assim um ambiente menos opressor do que muitos pontos turísticos da cidade. Recomendo muito.



Depois da capela, fomos para o Musée de l’Oragerie, que se localiza em frente a Place de La Concorde e dentro do Jardim das Tulherias . O museu em si é pequeno, por isso um pouco muvucado, mas poder ver Monet, Cézanne, Matisse e companhia assim, ao alcance das mãos (ne pas toucher!), é um privilégio. Além disso, ainda temos réplicas de Rodins pelo pátio do museu, incluindo o famoso “Beijo”. E depois disso tudo ainda dá para comer um baguete no jardim, que é muito gracinha. Nem preciso dizer que recomendo.

Rodins no pátio do Musée de l'Orangerie

Como terminamos as visitas relativamente cedo, tanto a capela quanto o museu eram pequenos, acabamos indo ao Museu Guimet de novo (havíamos ido no primeiro domingo do mês, quando muitos museus são de graça). Bem, o Guimet é um museu de arte asiática, bem na pegada imperialista de sempre que nos leva àquela perguntinha incômoda: como tudo isso veio parar aqui? Ele é bem organizado (falo isso porque visitamos um museu em especial que parecia não ter método algum, falarei disso logo), amplo e tudo mais, mas é meio monótono: os itens estão ali expostos como algo exótico a ser admirado (o que acontece também no Quai Branly, mas esse confesso que gostei mais).

Museu Guimet

Dia 2: No segundo dia, começamos pela famosa Catedral de Notre Dame. Bom, que ela é exuberante no seu exterior dá para ver pelo Google Images, mas, repleta de turistas, ela pode ser uma pouco desagradável. Explico: com hordas e hordas de turistas sedentos por fotos/selfies, o monumento histórico fica em um segundo plano no qual ele parece perder a razão de ser. Além da visita à catedral, que é gratuita, há também a visita à cripta, que é paga. Para os amantes da arqueologia é uma pedida.



Após, fomos ao Memorial da Shoah, que é gratuito, mas foi indicado a nós e era no caminho dos museus daquele dia. Na esquina do memorial, uma escola relembra os judeus franceses mortos durante a II GM, especialmente as crianças, muitas das quais eram alunas daquele colégio. De entrada no museu, um muro com os nomes de judeus franceses mortos durante a II GM. Lá dentro, muito bem organizado, uma série de fotos, vídeos e itens dessas vítimas, incluindo uma sala com fotos somente das crianças. Como amostra especial, o genocídio em Ruanda dos anos 90. A sala é pequena em comparação com o restante do museu, mas tem uma força avassaladora: além de fotos e vídeos, estão expostas roupas, sapatos e armas encontradas nos massacres. Para os de coração forte.  E acho que esse é um dos grandes méritos desse memorial: ele materializa o seu homenageado de uma forma que é impossível não sair de lá emocionado. Recomendo.



Depois do memorial, uma visita ao Museu da Arte e História do Judaísmo. Aqui, um estilo de museu mais tradicional, naquele estilo “admire-me ”, contando a história da comunidade ao longo do tempo naquele tom celebratório. E, como desfecho, a formação do Estado de Israel e todo o apagamento das tensões presentes. A parte mais interessante do museu, para mim, uma filha das Letras, são as inúmeras menções a Alfred Dreyfus (Caso Dreyfus), sempre lembrado por nós via Émile Zola e seu artigo, “J’acuse”. 



Dia 3: No terceiro dia, havíamos nos programado para ir ao Centro Pompidou e Arco do Triunfo (especificamente subir no Arco), mas o primeiro mostrou-se avassalador demais: ficamos horas lá dentro. O Pompidou é o museu de arte moderna daqui, localizado em um prédio moderno (nada daqueles museus em prédios históricos e antiquíssimos) com exposições, livraria, biblioteca, café, restaurante, vista gracinha de Paris, etc. e tal. Além disso, o que é comum aqui, tem uma exposição temporária, a qual não temos acesso com o Paris Museum Pass, mas podemos ver todo o restante, é claro, começando por uma “História da Arte, Arquitetura, Design, dos anos 1980 a nossos dias” e terminando com o “Modernidades Plurais: arte moderna de 1905 até 1980”. Neste, você tem praticamente uma aula de história da arte tamanha a organização do museu enquanto vê Matisse, Kandisky, Miró, Picasso, Tarsila, Di Cavalcanti e companhia. Outro ponto positivo é que o museu não é dos mais lotados, assim você pode até admirar com calma os trabalhos expostos, o que é um luxo por aqui. Além disso, você sai dali e está em um região cheia de cafés, artistas de rua, hippies "vendendo sua arte" e, claro, o Marais, famoso bairro da capital francesa.


Vista do Pompidou
 
Próximo texto: Museu do Mundo Arábe, Museu Cluny, Arco do Triunfo, Museu Rodin, Museu Orsay, Pantheon e Museu Delacroix. (turma que vai do decepcionante ao estonteante, passando pelo super valorizado). Para quem quiser ver mais fotos, é só clicar ali no meu nome na barra lateral, você será direcionado para o meu perfil do Google Plus, onde estou armazenando algumas fotos.

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