domingo, 28 de setembro de 2014

De comer rezando (ou: Nossas aventuras na culinária francesa)

Entre as coisas que eu mais gosto no mundo encontram-se cozinhar e comer, não necessariamente nessa ordem. Quanto a comer, viajar é sempre uma aventura: mudança de temperos e de carros-chefes da culinária. Isso não me preocupava muito na viagem para cá já que a culinária francesa é famosa, e eu já tinha aceitado que comeria MUITO menos carne do que o habitual. E, além disso, como se trata de uma cidade grande de verdade, ela teria muitas opções, como de fato possui. Até aí tudo bem, o problema é que comer na rua se torna bastante caro comparado ao que se gasta para comer no Brasil. Por exemplo, em um almoço barato se gasta em torno de 12 euros (+/- 36 reais) com entrada e prato principal (mais um monte de pão e água, que aqui é de graça em restaurantes - você só paga se quiser tomar um água mineral da marca tal). Claro que para os padrões deles, com um salário mínimo de cerca de 1.400 euros, não é um absurdo, mas para gente não é refeição para se fazer todo dia. 

Já sabíamos que a tônica seria cozinhar, o que já fazíamos muito no Brasil, por economia e por prazer. Assim como sabíamos que teríamos que mudar toda a nossa dieta, norteada pela carne, já que aqui ela é bem mais cara (o preço do coxão de dentro aqui é o preço do filé de Porto Alegre, +/-). Para compensar, a variedade e a quantidade de queijos e cogumelos (a preços dignos!) é inimaginável. Assim, de início o nosso raciocínio era substituir a carne pelo cogumelo, o que funciona. Escondinho? De cogumelo! Massa? Com cogumelo! Até salada com cogumelos a gente fez. O próximo passo é fazer um carreteiro de cogumelos (porque risoto de cogumelos é muito mainstream - mas eu adoro, diga-se de passagem).

Mas confesso que até agora não tínhamos comido um prato daqueles de "comer rezando" e chorar no cantinho, o que pra gente, que gosta de cozinhar e comer, é uma pena. Assim, para resolvemos o nosso "problema", decidimos nos aventurar pela culinária local tradicional com a ajuda do Google.


Optamos por fazer o famoso "Coq au vin", que em bom português seria "Galo ao vinho". A receita tradicional fala em um galo inteiro, aproveitando assim inclusive o fígado do Coq, mas optamos por uma receita mais "moderna", com galinha e sem fígado, s'il vous plâit. Optamos pela receita desse site aqui e fizemos algumas adaptações. O prato é relativamente fácil de fazer e vou dividir a receita com @s colegas porque dá para fazer no Brasil e é MUITO gostoso. 

Ingredientes (receita para duas pessoas):

4 sobrecoxas (sem pele)
50 gr. de bacon defumado 
100 gr. de cogumelo Paris
2 cebolas pequenas
50 gr. de manteiga
Farinha de trigo
50 ml de conhaque
150 ml de vinho tinto
1 tablete de caldo de frango dissolvido em uns 300ml de água
1 dente de alho
1 bouquet garni (conjunto de ervas aromáticas, como tomilho, louro e salsa - nós compramos pronto no supermercado, no Brasil dá para montar)
Sal e pimenta preta
1 cenoura crua cortada em rodelas

Preparação:
1) Cortar o bacon, a cebola e os cogumelos
2) Colocar a manteiga na panela e fritar o bacon por 5 minutos, em média, depois acrescentar a cebola e os cogumelos. Fritar por uns 3 minutos. Depois retire-os da panela (você vai usar a mesma  panela para fritar o frango) e reserve.
3) Salgue o frango (é a hora de colocar a pimenta também) e polvilhe ele com farinha (não precisa deixar ele branco, é só um pouco mesmo). Depois doure as partes na mesma panela que você usou para fritar o bacon, o cogumelo e a cebola.
4) Depois de dourado o frango, coloque o conhaque, o vinho e o caldo de frango. Baixe o fogo e coloque os outros ingredientes: cogumelo, bacon, cenoura. Coloque também o dente de alho e o bouquet garni (faça um raminho de forma que você possa tirá-lo depois).
5) Deixe cozinhando por 1 hora e voilá!


Para acompanhamento um purê ou batatas no vapor. Fizemos as batatas no vapor e no final acrescentamos ao prato. Ficou sensacional, mas para paladares que gostam de comida temperada: as bebidas e o garni deixam um sabor bem marcante. Para os adoradores de cogumelo: segundo o Fernando, foi o melhor cogumelo que ele já comeu. De comer rezando. Uh-la-la!


2 comentários:

  1. Ju, hoje eu ia fazer galinha assada no almoço, mas tive a sorte de ler este post antes... Fiz a versão de vocês do Coq au vin e ficou bom demais. Adoramos! Estou gostando muito do blog, apesar de sofrer um pouco, às vezes, quando leio, hehehe. Já recomendei aos meus alunos. Bises

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  2. Quem bom, Dani! A gente ficou tri feliz que dá para fazer a receita em Porto Alegre.
    E merci beaucoup :D Bises!

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