segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Avec le baguette

Nessas andanças por Paris que temos feito, percebemos alguns dos hábitos alimentares dos parisienses com certo estranhamento. Mas pouco a pouco estamos aderindo a eles, como bons antropófagos não-praticantes que somos: absorvendo a cultura estrangeira para produzir a nossa.

O primeiro hábito diferente que notamos é o de almoçar nas praças e jardins da capital. Esse é um hábito compartilhado por muitos dos turistas que visitam a cidade luz, mas é engraçado perceber como ele se realiza. Até então, acreditávamos que eram apenas sanduíches na sombra das árvores. Em alguns casos, até é verdade. Mas na maioria das vezes as pessoas optam por torrar no sol enquanto comem uma salada. Salada. Salada. Salada. É bom repetir, para deixar claro que muitas vezes o almoço parisiense é somente uma...salada. Esqueçam a pedreiragem brasileira, o prato do estivador de terra brasilis. Adeus PF, adeus à la minuta.

Ok, talvez isso seja drástico demais. Afinal de contas, trata-se de uma salada francesa. Geralmente ela vem bastante completa, podendo ter atum ou frango. Pode até ser uma saborosa salada de massa. E aposto que, se eles conhecessem, podia até mesmo ser uma deliciosa salada de maionese. Mas ainda assim, eles muitas vezes almoçam uma salada.


Ficamos sabendo que esse hábito francês tem um quê de educação alimentar que a gente desconhecia até então. Nas escolas de ensino básico, os alunos almoçam no refeitório e devem comer tudo. Tem até fiscal na escola para supervisionar e dialogar com a criança para ela comer tudo, ou de outra forma ela não vai sair do refeitório. Isso parece meio ruim, claro, mas no saldo final...eles podem almoçar uma salada quando adultos.

Nem todo mundo come salada, é claro. Muita gente vai nos lanchinhos mesmo, os sanduíches, baguetes. Alguns apelam para bandejinhas de comida japonesa, ou até aqueles potes de ramen, o macarrão japonês.

Outros hábitos alimentares também chamam atenção: o petit-dejauner da gurizada, o nosso café da manhã, é bastante reforçado. Talvez nem tanto quanto o inglês ou o americano, mas certamente mais do que o “cacetinho+café com leite” de Porto Alegre. Quando estávamos voando para cá, o café da manhã foi uma espécie de polenta (“trigo búlgaro”) com berinjela ao molho. Dada a turbulência do voo, passei essa refeição completa – a Juliane chegou a provar um pouquinho.

Aliás, durante as refeições, tem que ter pão. Pode ser café da manhã, almoço, janta, ceia, assalto à geladeira...tem que ter pão. As “boulangeries”, que são as padarias deles, estão constantemente cheias de gente atrás de baguetes. Daquelas longas que o pessoal bota debaixo do sovaco e leva para casa. Os pães realmente são bons e possuem uma variedade meio inexplicável para quem não é francês (hoje mesmo descobri que eu adoro um pão chamado “viennoise”, que apesar de parecer uma baguete ele é bem mais macio). O mesmo pode se dizer da sessão de queijos dos supermercados, onde diga-se de passagem a Juliane chegou a ficar enjoada na primeira vez que fomos.


Para nos adaptar e dar sequência à maratona de museus que nos propomos, temos partido para o sanduíche mesmo. Alguns são feitos em meia-baguete e são bastante caprichados no recheio, sendo suficiente para um almoço rápido de quem tá na rua para bater perna. No geral os recheios são simples, com atum, presunto ou frango, mas sempre têm um queijo emmental, ou uma maionese misturada com mostarda dijon, além do tomate deles que é realmente muito bom. E, adaptando-se aos hábitos franceses, a gente senta numa praça ou num jardim, detona uma baguete e toma uma água. Assim, devorando o estrangeiro. O pão, é claro.


2 comentários:

  1. E o queijo de sobremesa? Nunca vou me acostumar kkkkk!

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  2. Na verdade, esta foto do Fernando é ele comendo um mega-farroupilha num sábado na Redenção.

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