Depois do deslumbre inicial de “turista”, é hora de assumir
os compromissos básicos de uma nova rotina em uma nova casa, como lavar roupa,
limpar a casa, fazer supermercado, feira e tudo mais.
O quesito lavar roupa foi o primeiro a me chocar: como os
apartamentos aqui são pequenos, não há espaço para estender roupas, por
exemplo. Tanque? Esqueça. Inclusive, não tenho usados minhas roupas “delicadas”
porque não sei o que fazer para lavá-las (deixar a máquina estragá-la!? Lavá-la
no banho?!). Mas voltando à questão inicial, do estender roupas, ao entrar no
apartamento foi a primeira pergunta que fiz a senhora (brasileira) que nos
alugou o imóvel: onde estendo as roupas? No que ela respondeu: “Pela casa, se
você entrar no meu apartamento agora verá um varal na sala, que fico deslocando
pelas peças da casa. Aqui em Paris é comum em função da falta de espaço”. O que
a minha cabeça de 14 anos de Porto Alegre pensou: as roupas nunca vão secar e,
pior, vão feder! Imagine secar roupas DENTRO DE CASA em Porto Alegre? Naquele
mesmo dia, à noite, resolvi testar a secagem domiciliar parisiense lavando umas
camisetas e colocando-as para secar na sala, com a casa toda fechada.
Resultado: na manhã seguinte estava tudo bem sequinho, como se tivéssemos
colocado as roupas no sol. A parte ruim desse tempo seco: tenho tido muitos
acessos de tosse, principalmente à noite.
Já no quesito limpar a casa, a tranquilidade reina com um
apartamento que é metade do nosso em Porto Alegre. Além disso, temos contatos
de faxineiras (uma brasileira e outra portuguesa) para quando a coisa ficar
feia (leia-se: limpar as vidraças gigantes), que cobram aqui por hora de
serviço (em torno de 15 euros, mas sei que tem por menos). Para um studio (o
que seria o nosso JK ou quitinete) duas horas são suficientes (de acordo com os
parisienses).
Quanto ao supermercado, estamos a meia quadra do Monoprix,
que é o preferido dos franceses. Ele é bastante grande e vende de tudo, de
roupas a vinhos, passando por dermocosméticos e utensílios para a casa. A parte
da alimentação é talvez a mais difícil de lidar fora de casa para carnívoros
como nós vivendo em um lugar no qual a carne é cara. Assim, precisamos rever
muitas coisas da nossa dieta para nos adaptarmos às ofertas daqui. A parte boa
é que queijo e cogumelo não faltam: não são propriamente baratos, mas também
não são caros. O que dá para perceber, vendo as gôndolas do mercado, é a
variedade de produtos prontos, como soluções para fazer purê de batata (no
estilo “polentina”), lentilha seca, risotos, e um montão de outras coisas. A
parte dos resfriados, por exemplo, deixaria o Hipermercado Bourbon se sentido
um mini-mercado de bairro. Em compensação, a parte de verduras e legumes é
menor do que as nossas (mas tem quase tudo que a gente come, menos mamão papaia,
para minha tristeza).
Mas falando em comidas prontas, a grande sacada para comer
MUITO barato aqui são os congelados Picard, que fica também à meia quadra do
apê. Lá você tem de tudo, das tradicionais pizzas e lazanhas congeladas, até as
sopas em pacotinho, passando por sobremesas. Em termo de preço, é muito mais
barato do que no Brasil. Em termos de sabor, é um pouco menos ofensivo do que a
comida congelada no Brasil. Uma lasanha, que serve 4 pessoas mas que na verdade
serve 2, nos custou 3 euros e alguns cents, por exemplo. Como a gente ainda não
criou uma rotina (as aulas começam daqui umas duas semanas e temos andarilhado
bastante pela cidade) temos apelado para congelados em uma das refeições e tem
sido bem ok no quesito $. Para compensar, tenho comido muito mais frutas aqui
do que estava comendo em Porto Alegre: pêssegos e ameixas tem bons preços,
sendo vendidos em pacotinhos com 3 unidades grandes por 0,99 cents de Euro em
alguns super.
E falando em frutas, demos sorte em estarmos a uma quadra da
feira da Convention, que acontece três vezes por semana pela manhã. Hoje fizemos
nossa estreia e para nossa surpresa a feira vende tudo o que a gente espera que
uma feira venda (frutas, verduras e tudo mais) e mais roupas, pantufas, meias,
lingeries, bolsas, dvds e mais algumas coisas que eu devo ter esquecido. A
parte ruim é que ela não tem aquele nosso pastelzinho de feira delícia. Além
disso, em várias barraquinhas a placa “ne pas toucher” deixava claro que
apertar o tomate para ver se ele estava no ponto estava fora de cogitação: o
vendedor que “escolhe” o produto para você. Agora, olhando os pêssegos, achei
eles maduros demais, algo impossível de se perceber sem tocar. Em matéria de
preço, alguns produtos são um pouco mais baratos do que no super, mas outros
têm praticamente o mesmo valor. De qualquer forma, para uma amante de feiras
como eu, vale muito a pena frequentar a feira, além do prazer de passear por
ela, ainda dá para enriquecer o vocabulário gastronômico da gurizada.
Gente, o Picard não é dos mais baratos...ainda não foram no Lidl? É a minha alegria de pobre hahahah! Nós fazemos o rancho no Lidl e depois vamos no LeClerc comprar o que não tem lá. Outra coisa, carne no geral (vermelha) é carinho, então a dica é procurar os açougues de Halal (que vendem de tudo, galinha, boi, carneiro...). Mas o LeClerc faz umas promoções de vez em quando. Compramos muito roti (carne como se fosse um rolo para assar)de porco por 3 euros o quilo.
ResponderExcluirQuanto a empregada...bem, depois de um tempo a gente vê que tem que por a mão na massa, ainda mais em um estúdio que é tão pequeno. Empregada é luxo e mesmo estas empresas de limpeza também. Aqui em Strasbourg moro em uma casa alemã (que eles não me ouçam kkk) com 90 metros quadrados e mantenho ela sozinha, porque se dependesse de gente para limpar ia me sair caro.
Quando morei em Paris por uns meses, fiquei em um apto de um quarto que devia ter 45 metros e mal sabia o palácio que vivi (achei pequeno comparado com o que morávamos em Portugal). O aluguel devia ser uma pequena fortuna, assim como o aquecimento que deixei ligado o dia todo no inverno. Mas como foi tudo bancado pelo trabalho do marido... Me surpreendi com os vizinhos da frente que moravam em um apto igual mas o casal com dois filhos! Jesus!
beijinhos
Valeu pelas dicas! Esse Lidl já descobri que tem aqui perto de casa, vou procurar o LeCrec das redondezas :)
ExcluirA saúde que se dane, eu quero roupas secas e cheirosas :P
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