domingo, 7 de dezembro de 2014

Parques, chineses e artistas

Sexta-feira, eu e a Ju fomos dar um passeio e a nossa ida a Conciergerie deu até um post. Mas esse não foi exatamente o melhor passeio do dia. Na verdade, o melhor passeio daquela sexta foi curtir o friozinho de outono e ir conhecer o Parc des Buttes-Chaumont, que é considerado o maior parque de Paris - e depois dar uma esticadinha até o Aux Folies, um dos nossos bares favoritos.

Para quem é de Porto Alegre e mora perto da Redenção desde que nasceu, entender os parques franceses é um mistério. Eles são muito lindos, o que não significa que eles são naturalmente lindos. Os parisienses fazem uma série de arranjos de flores e árvores para os parques e interditam a grama durante o outono e o inverno, com uma série de cuidados para preservar a beleza dos lugares. Em Porto Alegre, claro, a gente não faz isso - e mesmo assim, a boa e velha Redenção segue bonita. Outro ponto para a Redenção: o Buttes-Chaumont tem uma área de 25 hectares, enquanto a Redença tem uma área de 37,5 hectares. A Ju custou a acreditar quando eu falei para ela, mas eu já explico o porque disso.

O parque foi criado pelo prefeito Haussmann (o cara da reforma urbana), no século XIX, e tem o templo de Sibilla como seu principal destaque, Como ele fica no 19éme, numa das áreas mais próximas da periferia parisiense, ele não costuma ser muito visitado pelos turistas. E a lógica de parque aqui tem que ser pensada quase como um bosque, cheio de trilhazinhas ao redor, pequenos morros, matinhos. Mas a coisa começa a ficar surreal quando a gente descobre que o parque tem pelo menos três pontes instaladas entre os seus morros. E elas são bem grandes, o que nos deixou desconfiados com a medição do parque. Tem até cascatas artificiais nele de alguns metros de altura. Então, ao visitar o parque o porto-alegrense padrão pode até pensar que é uma barbada, que o parque é menor que a Redenção. Na prática, contudo, ele se dá por conta que está subindo e descendo morros no parque - e isso dá um belo cansaço.

Chegar até o topo do parque, claro, vale muito. A vista é ótima e tem o templo de Sibilla (que é basicamente um gazebo feito de mármore). Ao redor, dá para ter uma vista do parque mega-privilegiada, dando conta de algumas de suas cachoeiras artificiais. Deem uma olhada em algumas das fotinhos que a Ju tirou:








Depois desse passeio, fomos dar uma esticadinha até o Aux Folies, passando pela rue de Belleville - não confundir com aquela das bicicletas. Essa seria uma rua como tantas outras, mas estamos em zonas mais alternativas e aqui há também o espaço dos imigrantes. E é incrível: pouco a pouco, as lojas vão mudando sua língua. E Belleville é lembrada principalmente pela imigração chinesa, com lojas e restaurantes com escrita em mandarim e cantonês nas janelas e vitrines. Vale dar uma olhada nas roupas também, claro, que costumam ser muito baratas nessa região - e que não parece ser tão explorada pelos parisienses. Embora, claro, talvez a língua seja um problema...

Então, rumo ao bar, molhar a goela. Mas vale ressaltar que antes de passar no Aux Folies, convém dar uma passadinha também na Rue Denoyez, que é uma rua reconhecida principalmente pelo pessoal do grafite e da pichação. É uma rua bastante frequentada pelos artistas de rua, então ela tem um patrimônio massa - os caras fazem pichações e grafites para os estabelecimentos ali também. Os caras tão tendo problemas com especulação imobiliária (é, aqui também tem dessas coisas) e por conta disso estão fazendo uma campanha para se proteger desse tipo de ação que visa "limpar" a rua.




E, claro, a passadinha tradicional no Aux Folies. No outono não apetece tanto a cerveja, mas tomamos uma pelo menos, para fazer o ritual. Porque no final das contas, a gente anda com saudades também da botecagem brasileira.


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