segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Será que chove?

Reza a lenda, e a prática, que: na falta de um assunto, fale do tempo. Pois bem, caberia a mim falar sobre a segunda parte do nossa ida a Auschwitz-Birkenau, justamente Birkenau. Mas pensei, cá com meus botões, que isso não era assunto para uma segunda-feira, oras! Assim, para aliviar o começo da semana, e não relembrar a nossa face mais assustadora (a criação de uma sistema metódico e racional para o extermínio - precisarei de uma vida e muitos livros para tentar colocar em palavras e compreendê-las), recusei a minha tarefa, deixando para o historiador da casa resolver a lacuna da narrativa. 

Dito isso, só tenho uma pergunta (e um assunto) a tratar: será que chove? 

Hoje (e ontem), chove aquela chuvinha fina, gélida aqui em Paris. Aquela da dúvida: será que abro o guarda-chuva? Quanto ao frio, têm feito em torno de 10, 9 graus, nada insuportável, até porque todos os lugares fechados são quentinhos graças ao sistema de aquecimento local. Aqui em casa, com três aquecedores, não há lugar que não dê para ficar com um blusa leve de manga comprida. Porém o pessoal daqui já nos avisou que "o tempo está louco", já que era para estar uns 4 graus há muito tempo, essas coisas.

Mas esse frio e essa chuva são bem recentes: quando chegamos em setembro, final de verão deles, pegamos um mês de dias ensolarados e temperaturas deliciosas em torno dos 25 graus (tudo isso depois de um agosto chuvoso e sem sol). Mas o que mais nos chamou a atenção aqui foi a falta de chuva, afinal, vínhamos de um inverno uó em Porto Alegre: chuvoso e úmido. O que víamos eram umas garoas meio sem graça, que duravam no máximo meia hora: chuva torrencial, até hoje, quase três meses depois, nada. Agora com o frio é que elas se tornaram mais frequentes - mas chuva de alagar mesmo, só no sul da França. 

Sem chuva, e com o tempo seco, pele, cabelo e sistema respiratório sofrem um pouco. Com o frio e os aquecedores ligados o tempo inteiro, isso tende a piorar. A parte boa para a pele é que o sol é fraquinho; a parte ruim para a vida é que o sol é fraquinho, pelo menos nessa época do ano. Quer dar uma lagarteada no inverno? Em POA, uns minutinhos e você já torrou. Em Paris, pode ficar horas, você não vai torrar, mas também não vai se esquentar muito não...  (a prova de que o sol aqui é meio "lusco-fusco" são as palavras do Fernando sobre mim: "nunca te vi tão branca!", e olha que eu ando procurando sol na rua...)

Tivemos oportunidade de visitar outras cidades na Europa, conforme já comentamos em outros textos e encontramos, em cada uma, climas bem díspares dos daqui e dos daí. Em Bruxelas, no início do outono, em outubro, pegamos neblina, frio e garoa (e algum sol também, sejamos justos). Bem mais úmida que Paris, ficamos imaginando como seria um inverno por lá, com umidade e frio (!). 

Bruxelas: nuvens de garoa ao fundo

Já em Roma, como esperado, temperaturas muito amenas para um outono europeu, com sol, 20 graus, e chuvas que vinham do nada e duravam 10 minutos! Inclusive, essa chuva que é fraquinha aqui em Paris, para as bandas da Itália e de sua fronteira com a França tem vindo fortes pacas: as notícias são de enchentes e estado de alerta em Roma, com o conselho das pessoas só saírem de casa para trabalhar e em caso de emergências (notícias em português aqui, aquiaqui e aqui).

Roma: cinco minutos antes tinha sol (doudoune sempre a postos!)

Mas frio mesmo, de renguear cusco, encontramos em Cracóvia, onde o sol se põe às 16h. Com uma neblina que não vai embora nunca (ficamos só dois dias, mas não vimos sol, nem céu), a média era de 6 graus, e o Wheater Channel me avisava que a sensação térmica era de 3, mas em dado momento acho que chegou a zero graus. Não é a toa que eles tem vodkas deliciosas e vinho quente (tinto e branco) para esquentar. Mas como em todo lugar frio do lado de cá, os ambientes internos são aquecidos. Lá, dava para ficar de manga curta dentro de todos os lugares.  Se esse é o outono imagina o inverno! (Por curiosidade: a partir da semana que vem, a meteorologia aponta mínimas de -2 e máximas de 2,3 graus em Cracóvia).

Cracóvia: amarela, vermelha e gélida (doudoune presente!)

Temos muitas temperaturas novas (negativas) para descobrir ainda, assim como a imagem de uma Paris ensolarada pouco a pouco vai se esvanecendo na paisagem diária (já fomos avisados que ficar meses com essa cara cinzenta é comum), mas munidos de nossos doudounes, de nossas botas forradas com pelúcia (sim! e por uma pechincha!) e de aquecedores, sobreviveremos. E acho até que nem reclamaremos do calor de janeiro em Porto Alegre.
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(ou só um pouco)

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