quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Ouro e sangue

O post de hoje é sobre as igrejas em Praga. E talvez nem todo mundo saiba, mas nem os tchecos, nem os tchecoslovacos e muito menos os boêmios colonizaram outras partes do mundo. Aliás, tudo indica que na grande narrativa européia, essa galera é patinho feio mesmo. Então fica a dúvida: como que as igrejas dessa gente tem tanta prata e tanto ouro?????

Menino Jesus de Praga
A gente não sabe a resposta (mas desconfiamos, claro). Como muitas dessas igrejas foram erguidas entre os séculos XV e XVII, dá pra imaginar que os altares de ouro e prata maciços que vimos são consequência da expansão européia no novo mundo.

Aqui foi território de uma das heresias modernas do cristianismo, que é a religião hussita. Por conta disso, os tchecos receberam a visita sempre simpática dos jesuítas e muitas das suas igrejas são uma salada de frutas, que transitam entre gótico, românico e até barroco...tudo no mesmo prédio.
St. Vitus

A gente que veio do Brasil sabe que quando entramos numa Igreja em Ouro Preto ou Salvador, todo aquele ouro, todo aquele sangue, todo aquele barroco...isso tá tudo relacionado com a escravidão e com a nossa colonização. Mas e os tchecos? Eles podem alegar ignorância?

A Juliane, uma anticlerical convicta, acha que não. Os tchecos não exploraram ninguém, mas suas igrejas estão cheias de ouro e sangue. E aí a dúvida: como lidar com esse passado? Os tchecos apostam na carta da ignorância: a gente não sabe de onde veio o ouro e era isso. Mas nas palavras da minha parceira de blog, "é fácil se passar por vítima da história...difícil é assumir responsabilidade pelos crimes do passado."

Nas Igrejas maravilhosas de Praga, parece que é preciso chegar uns terceiro-mundistas pra problematizar aquilo que essa galera não faz questão de saber.

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