Foi o monarca Henrique IV que
disse, certa vez, que Paris bem que valia uma missa. Henrique IV estava numa
sinuca de bico quando disse isso: ou renunciava a fé protestante para tentar
pacificar a França e evitar uma guerra com a Espanha, ou enfrentava a Espanha e
corria o risco de perder a coroa. E como coroa era tudo para os reis franceses,
ele soltou essa: “Paris bem que vale uma missa”. Se converteu ao catolicismo e
se tornou rei da França – mas foi assassinado alguns anos depois por um
católico radical, então acho que isso não deu lá muito certo pra gente.
Paris tem umas igrejas muito
legais – e a Juliane já se adiantou e pediu esse post pra ela. Mas não é só
Paris, não. Roma, apesar de toda sua herança antiga, tem nas Igrejas um
atrativo à parte. E o melhor de tudo: elas são de graça! Antes de sair por aí
visitando os palazzi renascentistas
romanos, vale dar uma olhadinha nas igrejas: elas são um ótimo lugar para se
deparar com a história da arte ocidental sem pagar nada por isso.
Uma das igrejas mais legais que
visitamos foi a de Santa Maria de Trastevere. Ela foi erguida por volta do
século III, mas a cúpula dela foi completada só lá pelo século XII. Ainda
assim, a fachada da igreja é bem diferente do que estamos acostumados. Eles
tentaram preservar a arquitetura medieval e o resultado impressiona pela
simplicidade nas formas. Detalhe também para o mosaico que tem na fachada –
também do século XII e que tem no centro a virgem Maria e o menino Jesus. Na
nave onde fica o altar, mosaicos do século XIII. E no teto, bastante ouro e
luxo – do jeito que os católicos gostavam lá pelo século XVII (dica importante:
barroco católico geralmente é carregado em ouro e sangue...se tem ouro e
sangue, tem boas chances de ser barroco). Pena que na hora que fomos visitar
tava rolando uma missa e aí ficava chato tirar foto de todos os mosaicos
internos.
Outra igreja surpreendente foi a de San Ignácio de Loyola. Para quem não sabe, o Ignácio de Loyola foi o fundador da ordem jesuítica em 1534, justamente aqui em Paris, na Igreja de Santa Maria, em Montmartre. Porém, foi em Roma que o Ignácio de Loyola organizou a ordem e formou, assim, a Companhia de Jesus – focada especialmente no trabalho missionário ao redor do mundo. Tá, mas e a igreja? Uma coisa de louco, especialmente o teto! Ele é um afresco do século XVII, pintado por um jesuíta e que retomava aquelas coisas lá do barroco que eu falei. Menos ouro, claro, mas um sanguezinho. E, principalmente, cores muito vivas! Mas o mais bizarro é a temática: em cada ponto, um lugar onde eram realizadas as missões jesuíticas – África, Europa, Ásia e América. É assombroso e, é claro, dá um ruim – ainda mais se a gente conhece um pouco da história da América colonial e o papel dos jesuítas nela. Ainda assim, é bom ver para fugir um pouco da estética mais sóbria das igrejas romanas e ter a sensação de uma arte mega-colorida e, é claro, cheia de detalhes em ouro.
Fachada da Santa Maria de Trastevere |
Outra igreja surpreendente foi a de San Ignácio de Loyola. Para quem não sabe, o Ignácio de Loyola foi o fundador da ordem jesuítica em 1534, justamente aqui em Paris, na Igreja de Santa Maria, em Montmartre. Porém, foi em Roma que o Ignácio de Loyola organizou a ordem e formou, assim, a Companhia de Jesus – focada especialmente no trabalho missionário ao redor do mundo. Tá, mas e a igreja? Uma coisa de louco, especialmente o teto! Ele é um afresco do século XVII, pintado por um jesuíta e que retomava aquelas coisas lá do barroco que eu falei. Menos ouro, claro, mas um sanguezinho. E, principalmente, cores muito vivas! Mas o mais bizarro é a temática: em cada ponto, um lugar onde eram realizadas as missões jesuíticas – África, Europa, Ásia e América. É assombroso e, é claro, dá um ruim – ainda mais se a gente conhece um pouco da história da América colonial e o papel dos jesuítas nela. Ainda assim, é bom ver para fugir um pouco da estética mais sóbria das igrejas romanas e ter a sensação de uma arte mega-colorida e, é claro, cheia de detalhes em ouro.
Teto da Igreja de Santo Ignácio |
Vale salientar também um passeio que fizemos no templo de Santa Maria Degli Angeli, uma Igreja que mantém ainda os pilares romanos do século IV e é considerada uma das mais antigas ainda existentes em Roma. A fachada dela fica ao lado das termas do antigo imperador Diocleciano, então é bastante sóbria. Mas lá dentro, suntuosidade define. Ela é gigantesca e tem também um meridiano que corta a basílica, utilizado como uma espécie de calendário lunar e relógio. Lá também se encontra um pêndulo, que reproduziria aí a experiência de Galileu Gallilei – o famoso físico condenado a prisão pelo Tribunal do Santo Ofício. Tanto o pêndulo como o meridiano foram colocados na Igreja no século XVIII – mais de um século depois da morte de Galileu.
Aliás, falando em gente que a
igreja não curtia muito, vale também um passeio pelo “campo de fiori”, uma
praça na área central de Roma que tem uma estátua gigante de Giordano Bruno.
Foi lá, inclusive, que o teólogo italiano foi queimado vivo nas fogueiras da
Santa Inquisição. A estátua relembra Bruno e tem pequenas placas de bronze
relatando a acusação, os processos e, por fim, o assassinato de Giordano Bruno.
A estátua, contudo, é obra do artista plástico Ettore Ferrari e foi terminada
somente em 1889. Tipo, 289 anos após a morte do teólogo italiano. Aqui é aquela
coisa: você não vai ver igrejas, mas vai ver uma de suas obras em solo romano.
Tem uma pá de outras igrejas que
merecem visita, claro, mas uma visita à Roma praticamente exige uma ida ao
Vaticano. Mas cuidado: o museu é pago e é a partir dele que você vê a Capela
Sistina. Lá praticamente não tem nada de graça, exceto a vista da praça de São Pedro.
A Capela Sistina, obviamente, é o ponto alto da visita, mas tem obras incríveis
renascentistas e só a parte dedicada às obras de Rafael Sanzio já é
deslumbrante. Vocês não imaginam a minha alegria ao ver ali o mural da “Escola
de Atenas”, uma das minhas pinturas favoritas! Sensacional!
Giordano Bruno |
Não pode tirar fotos da Capela Sistina, mas... |
Uma foto meio torta da Escola de Atenas |
De resto, Roma vale essa “via sacra” por igrejas, sim. Para quem curte arte e história, é um passeio pela consolidação do cristianismo, pelos seus apagamentos, pelos seus silêncios e, é claro, por toda a arte que a religião inspirou. E se isso não for suficiente, é de graça. Mas também, com tanto ouro nos tetos, capelas e altares, seria até sacanagem cobrar a entrada...
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