sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A Saga do Louvre - parte 3

Falta pouco pra gente retornar para o Brasil, então hoje tentamos programar dois passeios: ir ao Louvre (pela terceira vez) e tomar uma cerveja nas nossas zonas preferidas. A missão foi cumprida, claro, então trata-se de escrever um pouquinho sobre a nossa última ida ao museu.



É verdade que eu e a Ju gostamos muito de ir em museus. Aqui na Europa tivemos excelentes passeios na maioria das vezes, mas tivemos experiências ruins também. A quantidade de museus em Paris fez com que demorássemos bastante para programar as visitas ao Louvre, mas quando finalmente aconteceu, valeu a pena. E a nossa segunda ida também foi boa. Mas e essa terceira, que foi a última? Que tal foi? Temos algo novo a dizer?

Bem, em parte, sim. Faltava ainda para nós dois andares inteiros. E queríamos tentar ver tudo, mas...infelizmente, não foi possível. De fato, curtir o Louvre inteiro é uma tarefa para 5, 6 dias, dependendo do fôlego. E acreditamos que isso se dá por dois motivos: o tamanho colossal do museu e o fato dos acervos serem um pouco repetitivos e com pouca interação. Uma regra que aprendemos aqui é que nem sempre "mais" é igual a "melhor". O Louvre tem, de fato, um acervo gigantesco e foi o maior museu que já vimos na vida. Mas se me perguntarem se é o melhor...bem, aí fico meio hesitante...

Em relação aos museus europeus, o Louvre tem um dos melhores preços: 12 euros a entrada e gratuidade para qualquer um abaixo de 18 anos (e estudantes até 26 não pagam também). Para quem vem do Brasil, onde cobrar por museus não é um hábito, achamos ruim. Mas dada a nossa experiência com outros museus europeus, 12 euros é um bom preço dado o tamanho da estrutura.

Mas e as obras??? Bom, quanto à parte de acervo histórico eu sou suspeito. Achei incrível mesmo, algo fora de série poder ver maravilhas como o Código de Hamurábi, hipopótamos azuis e uma múmia egípcia, a Vênus de Milo, cerâmica islâmica, entre tantas outras coisas que estavam no meu imaginário por conta de filmes e livros. Contudo, hoje fomos visitar a parte de arte. E toda a parte de Renascimento italiano é interessante, mas muito cansativa. Isso porque os quadros não estão situados em movimentos estéticos, o que torna a compreensão deles pouco didática. É como se eles fossem enfileirados em ordem, sem muitas explicações acerca deles. Isso é muito comum, claro, mas dado o tamanho do acervo, as coisas ficam cansativas.



Algumas coisas beiram o nível do surreal. Ver a Mona Lisa, por exemplo, foi um exercício de paciência. Em dado momento, desisti de tirar uma foto dela e resolvi tirar fotos das pessoas tirando fotos dela...porque, convenhamos, aí meu lado antropólogo falou mais alto.



Já outras dão uma certa tristeza...por exemplo, a parte de pinturas da região dos Flanders, na Bélgica, é bastante cansativa e não tem nenhuma explicação. Puxa, era um dos centros do Renascimento...podia ter uma problematização maior, né?



E outras...bom, outras valem cada suspiro dado nessa vida. E aqui eu me refiro à obra de Delacroix, A liberdade guiando o povo. Eu quase chorei ao ver essa, mas isso porque achávamos que ela não estava mais em Paris - em outubro a Ju tinha visto que ela tinha ido para Lyon, numa exposição itinerante das obras do Louvre pela França. E esse é o tipo de situação que vale o ingresso: quando você menos espera, algo que você já viu em algum momento da vida aparece ali, diante dos teus olhos. Não é livro, não é reprodução. E só por isso eu já diria para vocês: o Louvre vale ser visto, sim!



Mas é bom salientar...essa última etapa da nossa saga nos fez pensar que o museu tem como peculiaridade tentar juntar um pouquinho de tudo da História da humanidade (a partir de uma perspectiva eurocêntrica, claro). Isso é bom, mas nessa parte de arte sentimos que era tão grandiosa a pretensão que muita coisa ficou para trás. E para ver arte do século XIX em Paris, o Museu de Orsay e a Orangerie são as opções. Para ver arte moderna, do século XX em diante, tem que ver o Pompidou. E por aí vai. O Louvre tenta falar de tudo e de tudo com propriedade. Nem sempre consegue, o que torna ele muitas vezes cansativo ("a gente já não viu esses quadros?"). Mas no final das contas, a saga mesmo foi ter feito a visita, ter enchido os olhos de lágrimas e a mente e o coração de memórias.

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